Diante da mobilização de manifestantes via internet, governo egípcio desliga a rede do país. A medida, como não podia deixar de ser, aumentou ainda mais a revolta. Para analistas, no mundo árabe, a rede é importante ferramenta de expressão popular.
Tudo começou nas redes sociais. Descontentes com mais de três décadas de governo do presidente egípcio, milhares de egípcios organizaram-se para sair às ruas e pedir por fim do regime. Mubarak não teve duvidas, isolou o Egito do mundo ao desconectar o país inteiro da internet.
Na manhã do dia 28, o país amanheceu “no escuro” – pelo menos 93% das redes estavam fora do ar, deixando 23 milhões de usuários sem acesso a internet. O único que sobreviveu online foi aquele que é responsável por manter online o sistema da bolsa de valores egípcia. O bloqueio durou 5 dias mas foi o suficiente para enfurecer mais ainda os manifestantes.
Como o governo conseguiu tirar a internet do ar em todo país?
1 – Usuário - Para chegar a sites específicos, usuários digitam endereços no navegador, que envia o sinal para os provedores locais.
2- Provedores – Recebem o endereço de internet e precisam das rotas BGP para direcionar o usuário ao site requisitado
3- Rota BGP – As rotas fazem as ligações entre os principais servidores da rede mundial de computadores e os dez provedores do Egito
Como foi desligado: Dia 27, 22h o governo manda desativar mais de 3,5 mil rotas BGP. Sem as rotas, os provedores de internet não conseguem direcionar os navegadores para os sites, como facebook ou o twitter.
Liberdade de Expressão
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, criticou duramente a decisão do Egito de cortar o serviço de internet, dizendo que viola os princípios democráticos de liberdade de expressão e de associação.
Em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, Ban disse que segue de perto os protestos no mundo árabe e disse que os líderes deveriam vê-los como uma chance de falar de "preocupações legítimas" sobre o povo.
"Todas as pessoas envolvidas deveriam garantir que a situação nesta região e particularmente no Egito não leve a mais violência", disse Ban.
Até esta sexta-feira, os confrontos entre manifestantes e a polícia deixaram sete mortos no Cairo e em Suez. Outras dezenas ficaram feridas e mais de mil pessoas foram detidas.
Fonte:
O Estado de São Paulo / Folha Online